Loucura de amor

Ele sabia que não deveria fazer planos futuros em algo que sabia que não daria certo,
mas tudo era tão real para ele que o fez acreditar que aquelas ilusões da vida eram verdadeiras,
para ele todos os comentários maldosos sobre aquela mulher eram falsos e insignificantes, o que valia realmente era seu sentimento para com ela.
Ele se sentia o garoto mais feliz do mundo, mesmo com tantas pessoas opinando na sua vida, ele era feliz, ele tinha a garota dos seus sonhos ao seu lado e isso lhe causava uma alegria inexplicável, não por tê-la, mas sim por podê-la fazer feliz, por perceber (pelo menos em sua percepção) que a fazia feliz além de tudo. Sim, ele era o moço alegre que caminhava viajando e pensando nesse amor eterno...
Mas um dia, um dia desses de chuva (como os de filmes na hora em que acontece algum enterro) com um ar bem propício a tristes fins o jovem casal acabou rompendo o relacionamento. Coitado dele, estava entrando de cabeça em uma tão profunda depressão que parecia um buraco sem fundo, cada vez caía e caía e caía e se perguntava um dia se todo aquele sofrimento teria fim.
Ele culpava o amor, culpava a sí mesmo, culpava aos outros, mas nunca à ela, pois seu amor por ela não o deixava fazer tal coisa. Então numa noite qualquer, dessas bem estreladas, pegou sua velha garrafa de Reb Label que guardara um dia esperando uma ocasião para festejar junto a ela, seu jornal que trazia na manchete o suicídio de Getúlio Vargas e sentou-se no seu velho sofá junto á lareira, então começou a beber e a ler o jornal, enquanto lia, pensava algumas bobagens, bebia, voltava a ler e todas as lembranças voltavam em sua mente a cada gole de whisky.

Esses pensamentos o faziam mal e por mais que tentasse escapar deles, sempre acabava fracassando, não poderia negar para sí mesmo que ainda pensava nela e em sua cabeça ficava pensando tantas e tantas bobagens para escapar desse sofrimento que muitas vezes perdia sua própria razão e se deixava levar por pensamentos insignificantes, era só mais alguém com o coração despedaçado, deitado em seu velho sofá, lendo um jornal antigo e bebendo um velho whisky. Começou a imaginar então o que seria daquele velho homem dalí pra frente, sua vida não tinha sentido algum, não tinha ânimo para fazer nada, era como se dentro dele faltasse algo, havia um vazio que somente poderia ser preenchido por ela, mas ela sabia que isto não aconteceria, não estava disposto a lutar por esse amor e se ferir ainda mais.
Então, refletindo e refletindo, em sua mente chegou a conclusão de que não é o amor que fere as pessoas, mas sim as pessoas que andam por aí chamando qualquer mero sentimento de amor, estava triste mas ao mesmo tempo crescia dentro dele um sentimento de frieza, prometia para sí mesmo que não acreditaria mais em qualquer sentimento, não acreditaria em coisas passageiras, ele finalmente aprendera a não acreditar em palavras ditas da boca pra fora, mesmo que isto tenha o custado algumas lágrimas e aquela garrafa de whisky que guardara para uma ocasião especial. Prometia para sí que esqueceria o rosto daquela mulher, assim como também o sentimento que um dia existiu por ela, estava disposto, e homem quando se dispõe a fazer algo não há nada no mundo que o impeça de fazer tal coisa.
Passado algum tempo ele finalmente conseguiu esquecê-la, conseguia muito bem vê-la passar na rua com outro e não sentir nada, ele aprendeu a ser frio como o gelo, não demonstrava mais sentimentos, não falava com as pessoas, era considerado estranho pelos vizinhos e tinha aversão à visitas e então numa noite de quarta feira a polícia foi acionada pelos vizinhos por conta de um cheiro estranho vindo da residência dele, ao chegarem no local a polícia encontrou o cadáver já em alto estado de decomposição com sinais de suicídio, em sua escrivaninha havia uma carta que não dizia o motivo aparente do ato, apenas dizia:
"não há cura para a loucura, não há cura para este mundo, não há cura para um louco apaixonado", muitos atribuiram o motivo do suicídio ao estranho comportamento dele nos últimos dias, mas apenas ele saberia o real motivo daquilo, motivo este que não revelou para ninguém, levando-o para sí até seu último suspiro. O amor é o sentimento mais sincero que existe, mas não são todos que sabem como manusear este sentimento poderoso.

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